Dengue: Niterói mantém casos estáveis

As autoridades de saúde estão em alerta diante do aumento de casos de dengue no estado e na cidade do Rio. Já em Niterói, os casos da doença se mantêm estáveis – segundo a plataforma Infodengue, a cidade se encontra em estágio de atenção, enquanto o município do Rio aparece em vermelho, com atividade aumentada e incidência de 27,3 casos por cem mil habitantes. A taxa de Niterói, pelos últimos dados da plataforma, é de 0,8 por cem mil habitantes. O bom resultado, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, é fruto das políticas públicas implementadas pela Prefeitura para combater as arboviroses (dengue, zika e chikungunya).

A secretária municipal de Saúde de Niterói, Anamaria Schneider, explica que a estratégia de combate às arboviroses é baseada no trabalho dos agentes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), nos mutirões regionais e na parceria entre a SMS, a Fiocruz e o World Mosquito Program (WMP) no Projeto Wolbachia.

“Esse trabalho que é feito de combate às arboviroses é fruto da dedicação dos nossos agentes. É um trabalho de prevenção que também passa pelas atividades de conscientização desenvolvidas em palestras lideradas por esses profissionais em unidades de saúde, escolas e também nas praças da cidade. Vale destacar ainda que através do Projeto Wolbachia, em parceria com a Fiocruz, se mantém um cenário positivo dos casos das doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti”, explica Anamaria.

A Prefeitura de Niterói possui uma equipe de fiscais sanitários que atuam exclusivamente em vistorias de imóveis abandonados, que são um risco para a proliferação dos vetores. Durante todo o ano, os agentes do CCZ realizam o trabalho de rotina de prevenção e combate ao mosquito transmissor das arboviroses. A cobertura abrange 205 mil imóveis, com planejamento de visita pelos agentes a cada 2 meses.

Há cerca de 300 servidores envolvidos nas atividades de combate ao mosquito transmissor das arboviroses, e 5 mil imóveis são visitados diariamente. Além do trabalho diário, mutirões são realizados aos finais de semana, intensificando as ações de combate ao mosquito. O CCZ também recebe solicitação de vistoria de focos de dengue através do aplicativo Colab.re. o que permite estabelecer contato direto entre a população e as secretarias da cidade. Basta o usuário baixá-lo na loja de aplicativos e criar sua conta.

A equipe de Educação do CCZ também realiza atividades educativas de prevenção em toda a rede de ensino público municipal e estadual de Niterói. Profissionais do Programa Médico de Família também atuam em parceria com o CCZ nas suas áreas de cobertura.

O chefe do CCZ, Fábio Villas Boas, lembrou do histórico de referência do departamento no combate às arboviroses em Niterói e como isso influenciou para que a cidade participasse do projeto.

“Essa estruturação do serviço permitiu a Niterói ser escolhida uma das cidades pioneiras na implementação do projeto Wolbachia. Hoje somos a primeira cidade brasileira a ter o seu território 100% coberto pela Wolbachia e colhemos os frutos desse projeto exitoso. No entanto, é importante pontuar que o projeto é apenas mais uma ferramenta de enfrentamento da dengue, zika e chikungunya. As ações do CCZ não param. É importante ficarmos atentos a água parada e possíveis focos do mosquito Aedes Aegypti”.

Metodologia Wolbachia – Em 2023, Niterói se tornou a primeira cidade brasileira com 100% do território coberto pelo método Wolbachia. No Brasil, ele é conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com os governos locais.

Em Niterói, o trabalho foi iniciado em 2015 com uma ação piloto em Jurujuba. Em 2017, começou uma expansão no município, e o método Wolbachia chegou a 33 bairros das regiões praias da Baía e Oceânica. Em 2021, dados revelaram a eficácia da proteção garantida pela Wolbachia. Os números apontam a redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção entomológica. Naquele período, 75 % do território estava coberto.

Mesmo com os desafios impostos pela pandemia da Covid-19, o trabalho seguiu com o monitoramento e a triagem dos mosquitos. Em 2022, o trabalho recomeçou. Na fase de finalização, os mosquitos com a Wolbachia foram liberados em 19 bairros localizados na área da região Norte que ainda não estava coberta, na região de Pendotiba e na região Leste.

A Wolbachia é um microrganismo presente em cerca de 60% dos insetos na natureza, mas ausente no Aedes aegypti. Uma vez inserida artificialmente em ovos de Aedes aegypti, a capacidade do Aedes transmitir o vírus da zika, chikungunya e febre amarela fica reduzida.

Com a liberação de mosquitos com a Wolbachia, a tendência é que esses mosquitos se tornem predominante e diminua o número de casos associado a essas doenças.

A medida é complementar e ajuda a proteger a região das doenças propagadas pelos mosquitos, uma vez que o Aedes aegypti com Wolbachia – que têm a capacidade reduzida de transmitir dengue, zika, chikungunya – ao serem soltos na natureza se reproduzem com os mosquitos de campo e geram Aedes aegypti com as mesmas características, tornando o método autossustentável.

O monitoramento da população de mosquitos se faz necessário para acompanhar a estabilização da população dos insetos com Wolbachia no território. Este monitoramento é feito por meio da coleta dos mosquitos capturados pelas armadilhas tipo OVITRAMPAS, as quais são instaladas em locais previamente georreferenciados, obedecendo a metodologia padrão sugerida pela Fiocruz.

O diagnóstico da presença da Wolbachia nos Aedes aegypti é feito nos laboratórios do WMP Brasil/Fiocruz, por técnicas de biologia molecular. A produção de indicadores entomológicos através da contagem de ovos também é estratégia proposta pelo Ministério da Saúde aos municípios, conforme NOTA TÉCNICA Nº 33/2022- CGARB/DEIDT/SVS/MS. A produção desses indicadores vetoriais será possível através da instalação das armadilhas Tipo Ovitrampas.

Foto: Divulgação 

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