Janeiro Roxo: roda de conversa na Policlínica do Barreto alerta para a conscientização sobre a hanseníase
Para fechar o Janeiro Roxo de conscientização contra a hanseníase, a Policlínica Regional do Barreto Dr. João Vizella realizou uma roda de conversa para os funcionários da unidade sobre o tema com a participação da assistente social Patrizia Vila Real e a dermatologista Anne Leroy.
Com a experiência de quem trabalha no combate à doença desde 2001, quando começou a atuar no Hospital Estadual Tavares de Macedo em Itaboraí, Patrizia falou sobre o histórico de tratamento da hanseníase e destacou os estigmas e o preconceito que as pessoas têm.
“Antigamente, até o começo dos anos 1990, os pacientes eram isolados em colônias e eles viviam nesses locais tristes. Embora isso não aconteça mais, esse estigma traz até hoje uma discriminação com quem tem a doença. Meu objetivo é mudar essa visão para que as pessoas tratem com olhar acolhedor como deve ser, principalmente os agentes de saúde”, afirmou ela, que atua na rede municipal de Niterói desde 2007 e, desde 2013, trabalha na Policlínica do Barreto.
Em seguida foi a vez da dermatologista Anne Leroy que deu o parecer técnico sobre as manchas na pele, uma das características mais marcantes da doença.
“Eu estou há quase dois anos aqui na unidade e faço o atendimento clínico. Neste Janeiro Roxo de conscientização sobre a hanseníase, nosso trabalho é sempre trazer informações relevantes sobre a doença para as pessoas conhecerem e se ambientarem para quebrar um pouco o preconceito que ainda existe em torno da doença”, ressaltou a profissional.
Janeiro Roxo – Na saúde de Niterói, o mês de janeiro, além de Branco – pela conscientização e promoção da saúde mental e emocional – também é Roxo, em prol da conscientização sobre a hanseníase. Historicamente, a doença é conhecida há mais de quatro mil anos e atinge pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. Contudo, é necessário um longo período de exposição à bactéria, e ainda assim, apenas uma pequena parcela da população infectada realmente adoece. As lesões neurais decorrentes conferem à doença um alto poder de gerar deficiências físicas e configuram-se como principal responsável pelo estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença.
Na rede municipal de saúde de Niterói, o tratamento pode ser feito nos 44 módulos do Programa Médico de Família, quatro Unidades Básicas de Saúde e em oito Policlínicas Regionais. Além do tratamento presente em todas as regiões da cidade, buscando impulsionar a adesão ao tratamento para hanseníase e fortalecer o vínculo da unidade com o usuário, Niterói oferece um cartão-alimentação aos pacientes em tratamento. Este cartão é recarregado mensalmente até o término do tratamento, e está condicionado ao paciente que reside em Niterói, e que cumpre o protocolo terapêutico.
Mesmo sendo uma doença bastante antiga, poucas pessoas sabem e compreendem suas causas, sintomas ou como é feito o tratamento dos pacientes. E é justamente a ausência desses conhecimentos que tornam a campanha do Janeiro Roxo ainda mais importante e relevante.
A secretária de Saúde de Niterói, Ilza Fellows, salientou a importância da divulgação de informações e o compartilhamento de conhecimentos acerca da doença para a população, tendo em vista que por muitos anos ela foi vista como um grande estigma.
“Entendemos que a divulgação de informações corretas e o compartilhamento de conhecimento sobre a doença são fundamentais para garantir que todos tenham acesso a um diagnóstico rápido e ao tratamento necessário. É por isso que temos investido constantemente em ações de conscientização e educação em saúde. Estamos empenhados em fornecer informações claras e acessíveis à população, com o objetivo de que todos possam reconhecer os sinais da doença e buscar ajuda médica sem receio”, afirmou Ilza Fellows.
A Campanha de Janeiro Roxo possibilita ampliar a discussão na sociedade, contribuindo com a ampliação de conhecimentos e combate aos estigmas negativos atrelados à hanseníase.
Sinais e sintomas da hanseníase:
– Uma ou mais manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo, com diminuição ou perda da sensibilidade ao calor, à dor e ao tato;
– Áreas com diminuição dos pelos e do suor;
– Caroços e inchaços no corpo, em alguns casos avermelhados e doloridos.
– Diminuição da sensibilidade e/ou da força muscular de olhos, mãos e pés;
– Dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços, mãos, pernas e pés;
– Cortar-se ou queimar-se sem sentir dor.
Transmissão:
– A transmissão da Hanseníase acontece por contato com gotículas de saliva ou secreções nasais do doente. Ou seja, apesar do que muita gente acredita, essa doença não pode ser transmitida pelo toque.
Diagnóstico:
– A suspeita da Hanseníase é feita, em geral, pelo próprio paciente e também pela equipe de saúde que o acompanha. No entanto, o diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde, em Niterói pode ser feito no Programa Médico de Família, unidades básicas de saúde e policlínicas em Niterói.
Tratamento e cura:
– Já existe tratamento eficaz e cura para a Hanseníase. O tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e acompanhado por uma equipe de saúde. O tratamento é feito pela administração de antimicrobianos indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e, geralmente, dura de 6 meses a um ano.
– Em caso de sinais e sintomas suspeitos, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) orienta que o cidadão procure a unidade de saúde mais próxima do seu endereço, para que a equipe profissional possa acolher e realizar os direcionamentos pertinentes.
Foto: André Luiz Coutinho