
Cisp completa dez anos e Prefeitura inaugura nova era da segurança com ShotSpotter
De um lado, uma sirene toca; do outro, um guarda municipal alerta e soletra a placa de um veículo. Ao mesmo tempo, rádios das forças de segurança ecoam as mesmas informações. Os painéis se abrem, buzinas e sirenes disparam, adrenalina e tensão tomam conta do ambiente. “Seguiu por ali, passou pelo portal, monta o cerco… pronto, prendeu!” Cenas que parecem de filme, mas que fazem parte do dia a dia dos agentes que atuam no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp) da Prefeitura de Niterói, que completa 10 anos no dia 15 de agosto. A data marca também o início de uma nova fase: o Cisp 2.0, com ampliação de funcionalidades e a instalação do sistema de reconhecimento de tiros ShotSpotter, que começou pela Zona Norte e, esta semana, entra em operação também na Zona Sul.
Enquanto muitos municípios da Região Metropolitana do Rio deixaram o enfrentamento à violência para o Governo do Estado, a Prefeitura de Niterói apostou em tecnologia, inteligência e integração como eixos da sua política de segurança pública. Após uma década contribuindo para a prisão de centenas de criminosos, a cidade dá um novo passo com a entrada em operação do ShotSpotter, sistema de detecção de tiros já implantado na Zona Norte e agora também na Zona Sul.
“Em 2013, quando a nossa gestão assumiu a Prefeitura, Niterói estava dominada pela lógica do medo e do ‘bonde do fuzil’. Hoje, com o Pacto Niterói Contra a Violência, plano municipal de segurança pública que abrange 18 projetos, entre eles o Cisp e as ferramentas como o cercamento eletrônico e o ShotSpotter, colocamos a tecnologia a serviço da vida e da segurança. Monitoramos a cidade em tempo real, apoiamos as forças policiais com imagens, dados e inteligência que ajudam a prender criminosos e elucidar casos. O que muitas cidades ainda estão tentando implantar, Niterói já faz e virou exemplo nacional. Essa integração tem feito diferença na vida das pessoas e mostra que segurança pública se constrói com decisão, tecnologia e coragem”, afirmou o prefeito Rodrigo Neves.
Criado em 2015 como centro de vigilância e comando operacional, o Cisp foi pensado não apenas como uma central de câmeras, mas como um espaço de integração entre a Guarda Municipal, as polícias Civil e Militar, a Polícia Federal, o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e outros órgãos operacionais. É operado por guardas municipais treinados.
O Centro monitora imagens e informações de 522 dispositivos de segurança e 38 portais nas entradas e saídas da cidade, operando 24 horas por dia. Conta também com 120 câmeras inteligentes do sistema de cercamento eletrônico, cujas funções foram ampliadas: agora, além de reconhecer placas, letras e números, os equipamentos captam, em segundos, fragmentos de placas de veículos envolvidos em ocorrências. A atuação pode ser em tempo real — com alerta às forças de segurança, que montam o cerco e efetuam a prisão — ou por meio de monitoramento investigativo, como na prisão recente de um traficante foragido.
O Cisp integra o Pacto Niterói Contra a Violência, plano de segurança pública que abrange 18 projetos distribuídos em quatro eixos: prevenção; policiamento e Justiça; convivência e engajamento dos cidadãos; e ação territorial integrada. Implantado em 2018 pela Prefeitura em parceria com a organização Comunitas, o plano foi inspirado em experiências de cidades como Bogotá, Medellín e Nova Iorque.
Desde sua criação, o Cisp já colaborou com a investigação e elucidação de crimes, contribuindo para a prisão de criminosos em ações orientadas pelos guardas municipais. Mais de 5 mil imagens e relatórios técnicos foram enviados a delegacias e ao Judiciário com o apoio do setor de inteligência. O modelo virou referência nacional, recebendo visitas de gestores de segurança de outros estados interessados em conhecer os serviços prestados.
ShotSpotter – Desenvolvido por uma empresa americana, o sistema ShotSpotter identifica, em tempo real, disparos de arma de fogo, indicando sua localização exata e o tipo de armamento utilizado (fuzil ou pistola). Os dados são processados em centros nos EUA e enviados ao Cisp em até 60 segundos. De lá, os operadores acionam imediatamente as forças policiais. Os sensores já estão em operação na Zona Norte e, a partir desta semana, também na Zona Sul.
A nova fase do Centro, o Cisp 2.0, inclui câmeras de última geração e o uso de inteligência artificial baseada em machine learning. O sistema, que já identificava fragmentos de placas, agora reconhece também cores de veículos e padrões comportamentais suspeitos — e os resultados já começam a aparecer.
O Cercamento Eletrônico, um dos pilares do Cisp, se consolidou como ferramenta essencial. Desde sua criação, em 2019, mais de 650 veículos roubados, clonados ou envolvidos em crimes foram interceptados em tempo real, graças às câmeras com reconhecimento automatizado. Os dados são cruzados com mandados de prisão e alertas criminais.
“Ao longo de uma década, o Cisp se consolidou como uma central de inteligência integrada que vai muito além do monitoramento — hoje, conseguimos planejar ações táticas com precisão. Com o cruzamento de dados em tempo real, damos suporte às investigações e conseguimos antecipar movimentações criminosas. Essa parceria entre as forças de segurança e a tecnologia de ponta tem transformado Niterói em referência nacional no enfrentamento ao crime com estratégia e integração”, destaca o secretário municipal de Ordem Pública, Gilson Chagas.
O Cisp hoje também é um aliado do aplicativo SOS Mulher e mantém nas escolas municipais profissionais treinados para fazerem alertas em situações de emergência. O Cisp 2.0 funciona como cérebro operacional dessa engrenagem. Além de proteger, fornece dados estratégicos e subsidia decisões de políticas públicas. Por isso, o local é constantemente visitado por gestores de segurança de outras cidades e estados que querem entender como tecnologia, planejamento e vontade política podem transformar a realidade urbana.
O diretor do Cisp, Nilson Cunha, explica que, com o machine learning, os computadores são treinados para analisar dados e identificar padrões, realizando tarefas específicas ou fazendo previsões. Em vez de seguir instruções fixas, os algoritmos aprendem com os dados e aprimoram seu desempenho com o tempo.
“Os resultados já eram expressivos com o reconhecimento de fragmentos de placas. Agora, com o aprimoramento dos algoritmos, ampliamos ainda mais a capacidade do sistema, que passou a identificar também as cores dos veículos. É uma tecnologia de alto nível, com resultados concretos — e seguimos atentos à sua evolução”, destaca Nilson Cunha.