Garis de Niterói fazem a diferença fora do horário de trabalho
Niterói ocupa, pelo quinto ano consecutivo, o primeiro lugar no ranking estadual do Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (ISLU), desenvolvido pelo Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana (Selur) e pela PwC, que avalia os municípios com base em critérios como impacto ambiental e engajamento da sociedade na destinação do lixo. A cidade conta com cerca de mil garis da Companhia de Limpeza de Niterói (Clin), que coletam, por dia, aproximadamente 565 toneladas de resíduos domiciliares e cerca de 200 toneladas resultantes de varrição. E se durante o expediente, o principal objetivo destes profissionais é manter a cidade mais limpa para todos, fora do horário de trabalho, eles também fazem a diferença.
Nesta segunda-feira (16), quando é comemorado o Dia do Gari em todo o país, a Clin ofereceu um café da manhã especial para iniciar as comemorações por essa data. Na próxima semana, os profissionais, tão essenciais para as cidades, terão uma festa exclusiva para eles, no Caminho Niemeyer, com diversas atrações sociais e culturais.
Muitos desses profissionais, quando encerram o expediente na Clin, iniciam uma outra jornada, como o gari Aricênio Rosa, que montou um projeto social em Riodades, no Fonseca, onde dá aulas de futebol para 60 crianças.
“O objetivo do nosso projeto é muito mais que descobrir talentos no futebol, mas sim ajudar, através do esporte, a formar cidadãos que sejam homens de bem no futuro”, conta entusiasmado.
O gari Alessandro Ferreira dos Santos também apostou nos projetos sociais e criou um grupo de capoeira infanto-juvenil, na Engenhoca, na Zona Norte de Niterói. Sob o comando do professor, o projeto já atendeu a mais de mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
“Dou aulas há 26 anos e já atuei em diversas comunidades de Niterói. Pratico capoeira desde os 13 anos, hoje tenho 48 anos e me graduei há 10 anos. Ao longo dos anos percebi como seria importante dar uma ocupação para as crianças e adolescentes, contribuir para o desenvolvimento deles”, diz o gari e professor de capoeira.
Juscelino da Silva, de 60 anos, além de gari é maratonista. Quando criança, ele morava em Minas Gerais e assistia o atleta João da Mata treinando no pasto. Em 1995, quando da Mata ganhou a São Silvestre, Juscelino decidiu entrar para o esporte. Em 2019, ele realizou o sonho de participar da São Silvestre. Todos dias ele acorda às 4 horas, coloca sua roupa de corrida e segue treinando até a sede da Clin, no Centro, onde toma banho, coloca o uniforme de gari e inicia sua rota na varrição das ruas de Niterói.
“Estou em Niterói há cerca de 20 anos. Comecei a correr e a conquistar medalhas, mesmo diante da desconfiança de algumas pessoas, que não acreditavam em mim. No início foi difícil, até mesmo para comprar um tênis faltava dinheiro. Hoje, cumpro meu trabalho varrendo as ruas da cidade e tenho muito orgulho do que faço. As medalhas e as corridas completam essa felicidade e a minha realização”, enfatiza o gari e maratonista.
Já Marquinhos Gospel, depois do trabalho na Clin, atua como cantor e MC. Ele é o autor da “Dancinha do Gari”, funk sobre o dia-a-dia da profissão, que foi lançado com apoio da Companhia e conta com a participação de outros garis.
“Pela manhã, quando eu levanto, faço a minha oração. De joelho dobrado, peço a Deus a proteção pelo gari do Rio, Região dos Lagos, Região Oceânica e de todos os Estados. Eu sou gari de Niterói”, canta Marquinhos Gospel em um dos trechos da Dancinha do Gari, que ganhou as redes sociais.