Exposição imersiva em Niterói promove reflexão sobre sustentabilidade e cultura

O Projeto Transeuntis Mundi, uma obra que já percorreu diversos países, chega ao Caminho Niemeyer, em Niterói, entre os dias 15 e 17 de novembro, com visitação gratuita das 12h às 18h. Criado pelos artistas e acadêmicos Cândida Borges, do Brasil, e Gabriel Mario Vélez, da Colômbia, ambos doutores em artes com carreiras internacionais, o projeto transporta o público para diferentes tempos e lugares, incentivando a reflexão por meio de uma experiência artística e cultural. A exposição oferece uma viagem transsensorial pela diversidade cultural dos grandes centros urbanos, misturando realidade virtual e aumentada, fotografia, instalações sonoras, projeções e poesia.

“Quando a migração humana inspira a arte: exposição apresenta uma deriva tecnológica pelas histórias, sons e culturas do mundo. Mais de 100 mil pessoas já conheceram o Projeto Transeuntis Mundi, que estreia nova obra em Niterói. A exposição imersiva proporciona uma viagem transcultural pela diversidade promovida pelos movimentos migratórios nos grandes centros do mundo”, explica a artista Cândida Borges  

No evento, será feita a estreia mundial da exposição Deriva Oikos, que propõe uma metodologia artística e estética no tratamento de temas relacionados à caminhada humana e à migração, seu legado de construção e diversidade cultural. A Deriva Oikos percorre o planeta de Sul a Norte, do Chile à Oslo, com a intenção de refletir sobre a enorme diversidade do planeta, cultural e humana. A obra propõe um encantamento do humano pela sua “casa”, o planeta Terra – Oikos, do grego, que dá origem à palavra “ecologia”. A partir dessa experiência, é esperada uma possível tomada de consciência e o desejo afetuoso de cuidar e preservar a “nossa casa”.

O visitante, ao participar dessa experiência artística, expande a sua realidade, reconhecendo a riqueza do mundo associada ao meio ambiente e ao humano, quando é transportado às inúmeras cenas de vários países. A obra pretende imergir o visitante em uma experiência sensorial. As artes imersivas, muito difundidas neste momento, propõem uma experiência artística em formato 360 graus, que seria a totalidade da visão e escuta humana. São formas de apresentação que ampliam a percepção de uma cena, de uma sonoridade, permitindo que o espectador se transporte para dentro da obra e da cena.

A instalação é imersiva e também interativa, de forma que o participante decide sua viagem, a duração e em qual história se focar. A visita pode ser feita também de forma online, através do site do Instituto Transeuntis Mundi, para visitação da Web Deriva Oikos. As duas obras, presencial e online, dialogam e se completam em sentido.

Além das obras de realidade aumentada e virtual, a experiência inclui uma instalação sonora que apresenta a obra “Mutations” (Mutações) – uma obra musical generativa, que se transforma todo o tempo através do processamento de sonoridades das cenas. Sons de humanos, de espaços, da natureza, apresentados de forma imersiva, criados especialmente para a sonoridade singular e extravagante da cúpula de Niterói, transformada numa grande experiência sensorial.

A exposição inclui também um concerto imersivo no domingo (17), às 18h30, para encerrar o evento com uma grande performance contemporânea de vozes, sonoridades eletrônicas e projeções.

Sustentabilidade e Acessibilidade

“A Deriva Oikos surgiu a partir da urgência de reflexão sobre nosso habitar e a relação com nosso planeta, enquanto artistas e espécie animal. É uma proposta recorrente para que falemos sobre o assunto, já que nossa obra tem uma relação muito próxima aos espaços e como o ocupamos. As artes têm a capacidade reflexiva e imaginativa mais profunda para nos conectarmos com o tema, provocarmos uma conscientização e, assim, propor soluções criativas”, explica Cândida Borges.

Por meio de tecnologias emergentes, como dispositivos de realidade virtual e aplicativos móveis, a inclusão e a acessibilidade ao projeto são ampliadas, permitindo que mais pessoas desfrutem desses ambientes culturalmente ricos, inclusive portadores de deficiências. “A nossa obra é também multilingue – há elementos nos idiomas locais de cada cena, e a experiência da transculturalidade também se dá pelo contato com o idioma estrangeiro – que permite acessar uma outra realidade por uma via ou outra, que não apenas a da compreensão verbal”, completa, Gabriel Mario Vélez.

Sobre Cândida Borges

Musicista, compositora e artista transmídia. Realiza projetos artísticos com tecnologias emergentes, explorando os temas da transculturalidade e migração. Doutora em Artes pela Universidade de Plymouth (UK, 2022), Bacharel e Mestre em Música/Piano pela UFRJ (RJ/2005), especializada em Produção de Música Eletrônica pelo SAE Institute (NY/US), Cândida desenvolve carreira como artista e educadora e é co-fundadora do Projeto Transeuntis Mundi.

Sobre Gabriel Mario Vélez

Artista visual e transmídia colombiano, Pesquisador de Artes da Universidade de Antioquia (CO), Pós-Doutor em Artes pela Universidade Nacional de Córdoba (ARG) e Doutor em Artes pela Universidade Complutense de Madrid (ESP). Vencedor duas vezes do Salão Colombiano de fotografia, é também autor de livros e artigos de referência internacional. Vélez é também co-fundador do Projeto Transeuntis Mundi.

Sobre o concerto

No dia 17, a exposição será encerrada com um concerto, às 18h30, com entrada franca. Uma apresentação performática ao vivo com linguagem sensorial compartilhada entre a arte visual e a música. Criado a partir de uma proposta transdisciplinar, transmídia e colaborativa, que combina interação humana e a inteligência artificial para criar sobre fotografias, cinema, sons e música.

Em meio às projeções do Transeuntis Mundi, as obras sonoras foram criadas por oito compositores transculturais – originários dos territórios por onde a Deriva Oikos passou, Colômbia, Brasil e Estados Unidos.  Atendendo a um convite do Transeuntis Mundi, esses compositores trabalharam sobre o arquivo sonoro e transcultural do trabalho e apresentaram um panorama de composições que combinam formas vocais atuais e ancestrais com música eletrônica, numa proposta bastante vanguardista. Composto especialmente para a exposição, o concerto promete transformar a acústica da Cúpula do Caminho Niemeyer num grande instrumento musical.

As obras visuais serão criadas em tempo real, através de uma ação generativa de inteligência artificial, utilizando as fotografias sonoras do acervo Transeuntis Mundi. O resultado é uma criação sempre surpreendente e expressiva, centrada nas cores, formas e texturas da transculturalidade e da ecologia, na caminhada humana e nas suas matizes.

O Concerto na cúpula vai explorar em seu formato arquitetônico a forma das criações Transeuntis Mundi: o circular ou o “redondo”. O circular está nas gravações em 360 graus, no espaço da realidade virtual, nas fotografias, na espacialização das sonoridades – e no formato da cúpula de Niterói, desenhada pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. Um sistema de som a múltiplos canais torna a imersão do público numa experiência sonora e audiovisual circular e itinerante, pois o público anda pelo concerto, e, dessa forma, explora as diferentes interações acústicas com o espaço da cúpula.

O concerto apresenta obras da criadora de Transeuntis Mundi, a musicista Cândida Borges, acompanhada de convidados especiais: o grupo colombiano de música contemporânea MUSUX, formado por Rodrigo Henao, Esteban Henao, Rafael Mejía, Alejandra Cárdenas, Ximena Sánchez, Sebastian Martínez, Juan Esteban, Ana María Franco, Isabel Gómez e Estefa Roncancio, composto por vozes, flautas andinas, trompete, sintetizadores e piano. O concerto tem direção artística de Cândida Borges e Gabriel Mario Velez, difusão/criações audiovisuais de Esteban Henao, e participação especialíssima de artistas locais, como a soprano Denise Hoffstra e atores em performance ao vivo.

Foto: Divulgação

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