
Getulinho: referência em cirurgia plástica infantil em Niterói
Referência em cirurgia plástica infantil, o Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho (Getulinho) realiza diversos tipos de procedimentos reparadores, que visam solucionar deformidades congênitas e problemas que podem causar restrições incapacitantes em crianças e adolescentes, na faixa etária de 0 a 15 anos incompletos. O serviço, que é totalmente gratuito, começou na década de 1960, atendendo vítimas do incêndio do Gran Circo Norte-Americano, que matou 503 pessoas e deixou mais de 800 feridos, a maioria crianças.
O hospital foi municipalizado em 1992 e, apesar de ser o único especializado em atendimento pediátrico para Niterói, São Gonçalo e adjacências, teve a emergência fechada em 2011 por falta de condições de funcionamento. O prefeito Rodrigo Neves reabriu a emergência no seu primeiro mandato, no dia 4 de janeiro de 2013. Em 2016, após reforma, o prefeito inaugurou o novo centro cirúrgico.
“Já foram atendidas 1 milhão de crianças nesses 12 anos de reabertura da emergência do Hospital Getulinho. Depois de reabrir, construímos a nova emergência do hospital, que está linda e que não deixa nada a desejar a nenhuma clínica privada. Aliás, é melhor do que muita clínica privada porque atende com dignidade o nosso povo”, disse o prefeito, ressaltando a importância do atendimento pediátrico 24 horas.
Hoje, 70% dos atendimentos de cirurgia plástica são de moradores de Niterói, 20% de São Gonçalo e os outros 10% são residentes encaminhados por outros municípios da Região Metropolitana 2, como Itaboraí, Tanguá, Silva Jardim, Maricá e Rio Bonito. Em 2024, foram realizadas 133 cirurgias. Em 2025, 78 crianças e adolescentes já passaram por procedimentos plásticos entre janeiro e abril.
“A história do Getulinho tem uma relação estreita com a história de Niterói. Dentre essas histórias, tem a participação do hospital nos cuidados das crianças que foram vítimas do incêndio do circo em Niterói, ocorrido em dezembro de 1961. Na época, o serviço de cirurgia plástica atuou nas cirurgias reparadoras das vítimas encaminhadas para cá. Desde então, a cirurgia plástica tem atendido pacientes que necessitam de procedimentos reparadores que visam corrigir deformidades congênitas, de nascença, ou adquiridas ao longo dos anos”, explicou a diretora do hospital, a pediatra Julienne Martins.
Cirurgias reparadoras – As cirurgias com maior demanda são de orelha de abano (otoplastia), que corrige o formato e a posição das orelhas no rosto; freio de língua (frenectomia), que corrige uma pequena prega de tecido que une a língua à base da boca; dedos unidos (sindactilia), uma malformação congênita que provoca a fusão de dois ou mais dedos das mãos ou dos pés; e dedo múltiplo ou extranumérico (polidactilia), anomalia óssea com surgimento de dedos adicionais nas mãos ou nos pés. Também são realizados outros tipos de procedimentos para casos de lesões de pele, como queimaduras e queloides, além de ginecomastia em adolescentes, uma hipertrofia do tecido mamário que afeta os meninos.
“Quanto mais cedo os pais buscarem resolver esses problemas é melhor para o desenvolvimento da criança e do adolescente A gente faz o primeiro atendimento no ambulatório, solicita todos os exames necessários para a cirurgia, que é realizada com a maior segurança possível, com anestesista e sob sedação. Após o procedimento, os pacientes seguem sendo acompanhados no ambulatório e a gente observa que eles ganham qualidade de vida e passam a fazer coisas que não faziam antes, interagem mais com os coleguinhas, porque realmente a cirurgia traz esse bem-estar”, disse o cirurgião plástico Olímpio Peçanha.
O serviço de cirurgia plástica funciona com atendimento multiprofissional que inclui, além dos procedimentos médicos, apoio de psicólogo para ajudar os pacientes a fortalecerem a autoestima e o bem-estar de crianças e adolescentes. Para ter acesso, os pais ou responsáveis devem levar o paciente, primeiramente, em um médico pediatra no posto de saúde, que identificará a necessidade da cirurgia e poderá encaminhar a criança ou adolescente para a consulta no Getulinho.
Melhora da autoestima dos pacientes – O cirurgião plástico José Augusto Peçanha explica que, em geral, são as mães que detectam algum problema nos filhos ou o próprio pediatra durante a consulta na rede municipal de saúde e encaminham para o Hospital Getúlio Vargas Filho. As consultas no ambulatório acontecem às terças e quintas-feiras, onde são tratadas diversas patologias.
“Contamos com várias especialidades que muitas dessas patologias necessitam de um atendimento multidisciplinar. Esse atendimento é todo feito aqui dentro do hospital para que essas crianças tenham o maior conforto e passem por esse processo cirúrgico da maneira mais prazerosa possível. O ideal é que a gente opere dentro de um tempo razoável para que não se prolongue muito, não cause nenhum trauma emocional na criança, porque nessa fase tem muito bullying nas escolas. Então, a criança pode passar da melhor maneira possível por esse período para se desenvolver como um adulto normal”, explicou.
O estudante Hugo Henrique Mello da Silva, 10 anos, disse que se incomodava muito com o tamanho das orelhas e com as brincadeiras inadequadas dos colegas da escola e pediu à mãe, Karina Barbosa da Silva, para operar.
“Foi ele mesmo que quis fazer a cirurgia, mas sentiu medo na primeira vez e hoje estamos aqui novamente para resolver. Ele está todo feliz e animado, puxa até a orelha para trás mostrando para mim como vai ficar. Eu achei que a marcação dessa cirurgia fosse demorar, mas foi tudo muito rápido e já estamos aqui. Estou ansiosa! Temos que confiar porque o hospital é excelente e agora está na mão de Deus e dos médicos. Eu falo para ele ver no espelho como é que vai ficar e imaginar como ficará depois da cirurgia”, contou a mãe do menino.
A manicure Analice de Oliveira Moreira estava acompanhando o filho, o pequeno Wanderson José de Oliveira, 5 anos, que foi retirar um dedo extra na mão direita.
“Ele fez os exames de sangue e todos os procedimentos e marcaram essa cirurgia. Então ele vai retirar um dedo a mais na mão e já deu tudo certo. Daqui a pouco ele terá alta. Eu espero que dê tudo certo e resolva logo para a gente poder ir embora o mais rápido possível para brincar com os irmãozinhos que estão esperando a gente”, contou a mãe.
Inspiração de pai para filhos – Os cirurgiões plásticos Olímpio Augusto Peçanha, 47 anos, e José Augusto Peçanha, 46 anos, atuam juntos fazendo as cirurgias infantis da unidade, transformando a vida dos pequenos pacientes há mais de dez anos. Eles são filhos do também cirurgião plástico Olympio José Peçanha, 73 anos, e seguiram os passos e a carreira do pai que trabalhou por 30 anos no Hospital Getulinho e é professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), com atuação no Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói.
Projeto Bem-Te-Vi – Em 2024, o Hospital Getulinho realizou um mutirão batizado de Projeto Bem-Te-Vi, abrangendo as áreas da cirurgia plástica, dermatologia clínica e cirúrgica e psicologia. A ação contemplou cerca de 600 crianças de 1 mês e 14 anos de idade, com casos como orelha de abano, retirada de nevos, verrugas, lipomas, queloide, fibrose pós queimadura, dedo extranumerário, cistos, avaliação dermatológica, acne, entre outros. O projeto surgiu para apoiar crianças e adolescentes na aceitação de sua imagem pessoal, oferecendo ferramentas emocionais e sociais para lidar com dificuldades relacionadas à aparência.
Histórico – O Hospital Getúlio Vargas Filho foi inaugurado em 29 de setembro de 1954 e, de acordo com registro histórico, o hospital surgiu como o primeiro local especializado em atendimento pediátrico no Estado do Rio de Janeiro, seguindo até hoje como referência na especialidade. Foi municipalizado em 1992. O nome Getulinho foi dado carinhosamente em homenagem ao filho do ex-presidente do Brasil Getúlio Vargas, que faleceu ainda jovem, aos 23 anos de idade, devido à paralisia infantil.