Investimentos para superar a crise movem a economia criativa
A Prefeitura de Niterói investiu, no primeiro semestre deste ano, cerca de R$20 milhões no setor cultural da cidade. Entre as ações, 1.060 trabalhadores da cultura receberam o auxílio de R$1.045 por mês pelo programa Empresa Cidadã; mais de 2.600 microempreendedores individuais (MEIs) tiveram acesso a subsídio de R$ 500 por mês e foi destinado um auxílio específico, também no valor de R$ 500 para os 483 artesãos da cidade cadastrados.
Um aspecto marcante das ações dirigidas a aquecer as oportunidades na cidade envolve a economia criativa de Niterói. No edital de Retomada Cultural, lançado em janeiro pela Secretaria Municipal de Culturas (SMC), R$ 1 milhão foi destinado para o desenvolvimento de diversas ações culturais. A expectativa é que essa chamada pública – que já está em fase de pagamento -, gere mais de 300 postos de trabalho no setor. Mais da metade dos selecionados, ou 58% dos contemplados, têm mulheres como representantes legais e autoras; e 46% são de proponentes negros. De acordo com a SMC, 85% dos bairros de Niterói serão beneficiados com ações, oficinas, cursos e manutenção/adequação de espaços culturais.
“A recuperação econômica do setor cultural da cidade, de janeiro a junho, mostrou o grande potencial de Niterói para superar os desafios impostos pela Covid-19, como resultado dos investimentos da Prefeitura na economia criativa”, destaca o prefeito Axel Grael. “Temos cerca de 15 mil trabalhadores formais diretamente ligados à produção cultural e as nossas ações emergenciais têm como objetivos a manutenção e geração de emprego e renda, o fortalecimento da economia criativa e o estímulo à atividade e continuidade produtiva de para quem vive de cultura em Niterói”.
O secretário das Culturas, Leonardo Giordano, ressalta que Niterói tem uma forte vocação em várias linguagens da cultura.
“Acreditamos que, com investimentos diretos no setor, daremos um grande salto para superar esse momento crítico. Desde o momento que assumimos a Secretaria, em janeiro deste ano, nosso olhar sempre foi voltado para garantir a sobrevivência de quem vive de cultura e fazer a roda da economia criativa girar”, afirma Giordano.
Para a atriz, professora, diretora e produtora teatral Dárdana Rangel, a seleção no edital de Retomada Cultural possibilitou a realização do espetáculo teatral “O ombro de uma mulher, o mundo não era para debutantes”. Na peça, que parte da trajetória de uma importante líder brasileira, cinco atrizes de diferentes regiões, idades e histórias de vida, provocam uma reflexão sobre a resistência da sociedade à conquista de espaços de poder pela mulher e a pluralidade do universo feminino.
“O edital nos trouxe um pulmão para realizar o projeto”, conta Dárdana. “Neste momento, dificilmente conseguiríamos patrocínio. Com o apoio da premiação do edital, vamos conseguir dar continuidade à produção”.
Próximos passos – Já em andamento, as próximas ações também vão movimentar o setor cultural e a economia. Entre elas, está o repasse referente aos 29 projetos culturais do 2º Edital do setor. Dos 29 projetos selecionados, 87% serão filmados em Niterói, e 81% terão abordagem relacionada à cidade. A expectativa é gerar mais de 800 empregos em diferentes funções, como diretores, atores, roteiristas, produtores e assistentes.
“É uma alegria enorme ser contemplado”, comemora Marcio Blanco, que vai realizar o Festival Visões Periféricas, com financiamento do edital. “Esse recurso vem em ótima hora, em que está tudo parado, como um alívio para quem vive de cultura. O festival leva pra Niterói uma grande diversidade de filmes produzidos em periferias de diversos lugares do Brasil, além de debates e oficinas”.
Outra importante iniciativa – que abrirá inscrições em breve – é o Plano de Ações Emergenciais – Cultura é um Direito. Um total de R$ 1,1 milhão será destinado a 598 projetos e ações culturais, executadas em quatro etapas das chamadas públicas. De acordo com o secretário, as chamadas públicas foram pensadas estrategicamente para alcançar mais pessoas e atividades pela cidade.
“Existem muitos segmentos dentro do setor cultural. São diversos trabalhadores, das mais variadas atuações: costureiras, artesãos, cinegrafistas, roteiristas, artistas, fotógrafos, iluminadores, seguranças, muita gente que depende da cultura, dos eventos para sobreviver. Estamos mapeando e traçando novos formatos para que os editais contemplem sempre mais pessoas, regiões e toda a diversidade que a cultura agrega”, explica Leonardo Giordano.
Para reconhecer e apoiar os trabalhadores do carnaval, por exemplo, está prevista uma premiação para cem selecionados, totalizando um investimento de R$ 150 mil. Giordano ressalta, ainda, que, toda a construção das políticas públicas culturais da cidade está sendo desenvolvida de forma participativa e colaborativa, em parceria com a sociedade civil. “Foram mais de 60 reuniões, alcançando cerca de 2 mil pessoas diretamente envolvidas com a cultura da cidade, para debater, entender e pensar juntos a melhor forma de gestão. Acredito que esse é o caminho, uma gestão participativa, que ouve a sociedade e executa as políticas, de acordo com as necessidades de quem está na ponta”.