Niterói respira cultura e celebra vozes plurais na abertura da FLIN 2025, que homenageia Darcy Ribeiro com diversidade e emoção

Com um mergulho no legado de Darcy Ribeiro, um dos maiores pensadores e humanistas do Brasil, e sob o som de conversas, leituras e encontros, a Festa Literária Internacional de Niterói (FLIN) 2025 abriu nesta quarta-feira (16), no Reserva Cultural, em São Domingos, reunindo centenas de pessoas em uma celebração intensa da palavra e da diversidade brasileira. Gratuita, a programação segue até domingo (19), com mais de 60 atrações que incluem literatura, música, debates, rodas de conversa com autores e atividades infantis, em uma verdadeira ocupação cultural para todas as idades. O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, participou da abertura, acompanhado da primeira-dama e gestora do Escritório de Políticas Transversais de Direitos e Cuidados, Fernanda Sixel, e de secretários municipais.

A abertura reuniu jovens, adultos, crianças e idosos, que participaram de todos os espaços — das rodas de conversa e debates aos bate-papos e apresentações de autores. Antropólogo, escritor e político, Darcy Ribeiro dedicou sua vida a compreender e transformar o Brasil por meio da educação, da cultura e do estudo do nosso povo. Este ano marca também os 30 anos de publicação de sua obra O Povo Brasileiro, que analisa como a mistura de povos indígenas, africanos e europeus moldou a identidade nacional.

O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, sociólogo, destacou a sintonia entre o pensamento de Darcy Ribeiro e as políticas públicas da cidade. Segundo ele, Darcy sempre defendeu a educação e a cultura como pilares de uma sociedade mais justa e desenvolvida, e a FLIN é uma expressão viva desse ideal — um espaço que democratiza o acesso ao conhecimento e valoriza a diversidade cultural que forma o povo brasileiro.

“Realizar a FLIN aqui é uma afirmação daquilo que Darcy Ribeiro sempre defendeu: a educação e a cultura como instrumentos de transformação social. A Festa Literária de Niterói é mais do que um evento, é um ato de valorização das nossas raízes, da nossa gente e da potência criativa das comunidades. É fundamental garantir que todos tenham acesso ao conhecimento, à arte e à leitura”, afirmou o prefeito Rodrigo Neves.

Logo na abertura, a FLIN mostrou por que se consolida como um dos maiores encontros literários do Estado do Rio de Janeiro. A diversidade de vozes, temas e linguagens marcou o primeiro dia do evento, que contou com nomes consagrados como Maria Ribeiro, Zeca Camargo e Conceição Evaristo. Um grande painel com desenhos da cidade pode ser colorido por todos, permitindo que cada visitante deixe sua marca e participe da construção coletiva da arte.

“Essa festa literária é diversa porque acreditamos que a literatura tem um papel fundamental na construção da nossa história. Ela define quais histórias serão contadas e sob quais perspectivas. Quando estimulamos a leitura e a escrita a partir das vivências de cada um, estamos construindo um país mais justo e plural, onde todos têm voz. A cultura é viva, molda e transforma. Niterói dá hoje um passo importante nesse caminho, e tenho certeza de que será um farol para o Estado do Rio e para o Brasil”, destacou a presidente da Fundação de Artes de Niterói (FAN), Micaela Costa.

Pela manhã, Rodrigo França abriu a programação do Espaço Nikitinhos, dedicado às crianças, com uma contação de histórias baseada em seu livro O Pequeno Príncipe Preto, encantando o público infantil e destacando a importância da representatividade na literatura.

À tarde, a atriz e escritora Maria Ribeiro participou da mesa “Escrever como quem conversa”, na Arena FLIN, discutindo os caminhos entre a escrita e a oralidade. Logo depois, o jornalista e apresentador Zeca Camargo comandou a mesa “Ler, viajar, criar”, no Palco Darcy Ribeiro, refletindo sobre como as viagens e as leituras moldam o olhar criativo.

À noite, a escritora Conceição Evaristo emocionou o público na Sala Nelson Pereira dos Santos com a mesa “Escrevivência: vozes do eu/nós na literatura brasileira”. Reconhecida por obras como Ponciá Vicêncio e Olhos d’Água, Conceição falou sobre a potência da literatura como instrumento de resistência e transformação social.

“Eu vejo um crescimento importante das feiras literárias e da divulgação da literatura, principalmente quando o poder público investe nelas. Eventos gratuitos como este não só aproximam as pessoas da leitura, mas também formam novos leitores e incentivam toda a família a participar. Em um país onde o livro é caro e nem todos têm acesso, tornar a cultura acessível é fundamental. Uma festa literária como esta se multiplica em termos de público, diversidade e aprendizado, mostrando que a literatura pode ser um instrumento de transformação social”, destacou Conceição.

A FLIN também prestou homenagem ao escritor Luís Fernando Veríssimo, falecido neste ano. A mesa em sua memória, realizada nesta quinta-feira às 15h30, reuniu Fernanda Veríssimo e Arthur Dapieve, que celebraram o humor refinado e a humanidade presentes na obra do autor gaúcho.

Encerrando o primeiro dia, o sambista Diogo Nogueira participou da mesa “Música, memória e inteligência artificial”, na Arena FLIN, discutindo o diálogo entre tradição e tecnologia na produção musical contemporânea.

Moradora de Niterói, Isabella do Vale Ferreira da Silva, de 28 anos, visitou a feira neste primeiro dia, acompanhada do marido Matheus e das duas filhas, Maria, de cinco meses, e Helena, de três anos.

“É muito importante, desde pequenas, irmos apresentando a cultura para nossas filhas. Já fui a outras [feiras] e achei muito bom poder participar da FLIN. Quero minhas filhas respirando cultura para que tenham chance de abrir os horizontes e crescerem como pessoas”, disse Isabella.

Reforçando o compromisso com a educação e a formação de novos leitores, o recém-lançado Programa Circuito da Cidade está levando alunos da Rede Municipal de Educação para participar das atividades da FLIN. Nesta quinta-feira (16), cerca de 800 alunos participaram do evento. A proposta é transformar a cidade em uma sala de aula viva, onde aprender também significa vivenciar arte e cultura.

Espaços – As atividades da FLIN 2025 acontecem em cinco espaços especialmente preparados no Reserva Cultural para o evento: Sala Nelson Pereira dos Santos, Palco Darcy Ribeiro, Espaço Nikitinhos, Arena FLIN e Palco Povo Brasileiro.

A Sala Nelson Pereira dos Santos recebe desde o espetáculo infantil João e o Pé de Feijão no Sertão, da Cia. Teatral Sassaricando, até encontros com autores e uma conferência com a Monja Coen. O Palco Darcy Ribeiro sedia debates, conferências, apresentações culturais e oficinas com participação do SESC. O Espaço Nikitinhos, voltado ao público infantil, traz contação de histórias, oficinas e espetáculos. Na Arena FLIN acontecem mesas de conversa com convidados especiais, conferências, saraus e o Encontro de Clubes de Leitura. Já o Palco Povo Brasileiro reúne mesas, contações de histórias, saraus e oficinas, refletindo a pluralidade cultural do país.

Entre os convidados que ainda vão passar por esta edição estão grandes nomes da literatura, da música e do pensamento contemporâneo, como Mia Couto, Miguel Falabella, Nei Lopes, Thalita Rebouças, Ana Maria Gonçalves, Edney Silvestre, Itamar Vieira Junior, Miriam Leitão, Caco Barcellos e Zélia Duncan. A programação completa está disponível no site oficial: https://sites.niteroi.rj.gov.br/flin

Foto: Evelen Gouvêa

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