
SAMU Niterói ganha prêmio por atendimento a vítimas de AVC
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em Niterói é a primeira unidade de emergência pré-hospitalar do Estado do Rio de Janeiro a ganhar a certificação Ouro do Prêmio EMS Angels, pelos resultados positivos após a implantação do protocolo do AVC (Acidente Vascular Cerebral). A iniciativa visa a redução do número de mortes e sequelas causadas pelo AVC, através da melhoria do tratamento e do acesso a serviços de qualidade.
A cerimônia de entrega do prêmio aconteceu nesta sexta-feira (30) no Hospital Municipal Carlos Tortelly, no bairro de Fátima, com integrantes do SAMU, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e da Angels, instituição internacional responsável pelo programa de qualificação dos centros de AVC em mais de 2.800 hospitais em todo o mundo, dos quais 150 no Brasil.
Niterói implementou a linha de cuidados do AVC, melhorando os fluxos de atendimento para oferecer um tratamento ágil e eficaz a pacientes que apresentam o quadro da doença. O resultado foi a reversão das principais sequelas que afetam a boca, a fala e a mobilidade do paciente. O protocolo de atendimento foi implantado em 29 de outubro de 2024 (Dia Mundial de Combate ao AVC) na base do SAMU e no setor de emergência do Hospital Municipal Carlos Tortelly, que é a unidade de referência na cidade. Todos os profissionais das unidades de urgência e emergência receberam capacitação do programa Angels.
A secretária de Saúde, Ilza Fellows, parabenizou a equipe do SAMU e destacou a importância da linha de cuidado que já conta com bons resultados.
“É importante que a gente tenha a ousadia de colocar no ar para conseguir fazer o que é possível e depois a gente aprimora. Esse é o caminho. Vocês estão de parabéns. Temos reconhecimentos dentro do Carlos Tortelly. Estamos agora com o ouro, mas já está partindo para o prêmio platina do hospital e do SAMU. O próximo passo é o envolvimento da educação. O mais interessante não é receber a placa, mas receber o retorno do que vocês estão fazendo. Fiquei muito orgulhosa de fazer parte disso”, afirmou Ilza Fellows.
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, com mais de 17 milhões de óbitos anualmente. No Brasil, são cerca de 400 mil óbitos por ano. Coordenadora do programa Angels, Andressa Amaral informou que, a cada 30 minutos, um paciente com AVC morre ou fica permanentemente incapacitado porque foi levado para o hospital errado.
“Isso significa que a pessoa foi levada para um hospital que não tem tomografia ou um hospital que tem tomografia, mas não tem protocolo. A gente conseguiu resolver isso aqui no município. Niterói é um município seguro para se ter um AVC, um dos únicos no Estado do Rio. Estamos caminhando para ser referência. Nossa missão é capacitar centros para atendimento. Não adianta capacitar só o hospital, porque o paciente precisa chegar dentro de janela terapêutica. Por isso capacitamos o SAMU para reconhecer e levar ao hospital correto. A sociedade também precisa entender quais são os sintomas do AVC e que esse atendimento é urgente”, afirmou Andressa Amaral.
A base do SAMU Niterói ganhou a certificação ouro referente ao último trimestre de 2024, quando foi iniciado o protocolo de atendimento aos pacientes com quadro de AVC na cidade. Entre os critérios de avaliação e de metas para receber o reconhecimento (Ouro, Platina e Diamante) estão o tempo médio de atendimento, relatórios detalhados de medicação e a pré-notificação ao hospital. O serviço de urgência registrou 33 ocorrências de AVC entre outubro e dezembro, com o tempo médio dos atendimentos de 31 minutos: 88% das pré-notificações dos casos suspeitos foram feitos ao Hospital Carlos Tortelly.
O tempo médio do atendimento é fundamental para a realização do exame de tomografia e a administração do medicamento trombolítico (alteplase), que é responsável por reverter as sequelas nos casos de AVC isquêmicos. Antes de tudo, o médico precisa examinar o paciente para confirmar se o caso é isquêmico e se ele não possui fatores de risco que impeçam o tratamento com a medicação para realizar a trombólise e dissolver o coágulo no cérebro. Já os casos de AVC hemorrágico são encaminhados para o Hospital Estadual Azevedo Lima.
Coordenador geral do SAMU da Região Metropolitana II, Rogério Paraíso explicou que o atendimento precisa ser muito rápido.
“Conseguimos montar a linha de cuidados e estamos aprimorando cada vez mais o protocolo para chegar no critério diamante. Com a iniciativa Angels, a gente treinou a equipe da regulação e da intervenção e também do atendimento, para identificar quando alguém fala, para que todos os tempos sejam muito rápidos. A gente tem até três horas e meia para chegarmos ao hospital e, no máximo, quatro horas e meia. O AVC não dói e é diferente do infarto, porque quando a pessoa sente dor ela liga logo para o Samu (192)”, explicou o coordenador.
Iniciativa Angels – O programa Angels é uma iniciativa internacional da Boehringer Ingelheim, que busca qualificar os centros de AVC já existentes e auxiliar na implementação de novas unidades. A iniciativa conta com a colaboração de um painel de especialistas internacionais em Serviços Médicos de Emergência. Os prêmios SEM Angels promovem a monitorização da qualidade como um meio para padronizar e otimizar os cuidados de AVC pré-hospitalares, ajudando as instituições a identificar áreas de melhoria. Os prémios proporcionam uma oportunidade para reconhecer os prestadores de cuidados de AVC pré-hospitalares com melhor desempenho e criar uma comunidade internacional de AVC EMS.
Base descentralizada do SAMU – A base descentralizada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Niterói completou 9 anos em janeiro deste ano e realiza uma média de quase 15 mil atendimentos por ano. Localizada na Alameda São Boaventura, 144, no bairro Fonseca, a base faz parte do SAMU 192 Região Metropolitana II, idealizado e construído através de um esforço conjunto entre as secretarias de saúde dos municípios de Itaboraí, Maricá, Niterói, Rio Bonito, São Gonçalo, Silva Jardim e Tanguá, a partir da Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU), criada em 2003 e inaugurada em 2004, tendo completado 20 anos em 2024 com 2 milhões de ligações atendidas nesses anos de funcionamento.
A Base Descentralizada de Niterói funciona como corredor viário com fácil acesso aos outros municípios da região e também à Ponte Rio-Niterói, que tem uma das suas vias de acesso bem próxima à base. Ela conta atualmente com 125 profissionais, que atuam diariamente nas ocorrências e possui oito ambulâncias, duas unidades de suporte avançado à vida (USA), uma USA para transporte inter-hospitalar (TIH), quatro unidades de suporte básico à vida (USB) e uma USB para a zeladoria.
Foto: Bruno Eduardo Alves