
Dezembro Vermelho: Prefeitura de Niterói na luta contra o HIV
O Dezembro Vermelho marca a luta contra o vírus HIV e a Aids, chamando a atenção para a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas infectadas, além da importância de enfrentar o estigma associado à infecção. Por isso, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde de Niterói, irá intensificar as ações de prevenção durante todo o mês.
A secretária municipal de Saúde, Ilza Fellows, explica a importância da data e da prevenção à doença.
“O município conta com uma coordenação de IST/Aids e Hepatites Virais que realiza ações durante todo o ano. A campanha do Dezembro Vermelho é fundamental para alertar a população sobre a importância da prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV/Aids. O mês também marca a luta contra o estigma e o preconceito em torno da doença”, afirma a secretária.
No ano de 2024, em Niterói, foram notificados 165 casos diagnosticados com HIV, sendo 65% em homens e 35% em mulheres, a maioria entre 20 e 29 anos (36%) e 30 a 39 anos (25%). Foram notificados 55 casos diagnosticados com Aids, sendo 64% em homens e 36% em mulheres, com maior concentração nas faixas de 20 a 29 anos (24%) e 30 a 39 anos (29%). O município registrou 31 notificações de gestantes com HIV, e não houve transmissão vertical para nenhuma criança nascida em 2024.
Em Niterói, as pessoas vivendo com HIV/Aids contam com assistência e tratamento nas unidades de saúde que possuem o Serviço de Atenção Especializado (SAE), além de cuidados de acolhimento e promoção da saúde. O teste rápido para o HIV é gratuito e está disponível em toda a rede básica de saúde. O Hospital Municipal Carlos Tortelly (HMCT), no Centro, é referência para internação de adultos, oferecendo também atendimento ambulatorial. Já a internação de crianças e adolescentes até 15 anos incompletos é realizada no Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho, o Getulinho.
Para atendimento ambulatorial de adultos, além do serviço no HMCT, a população conta com a Policlínica Regional Sérgio Arouca, Policlínica Regional do Largo da Batalha, Policlínica Regional do Barreto, Policlínica Regional Carlos Antônio da Silva, Policlínica Regional da Engenhoca, Policlínica Regional do Fonseca, Policlínica Regional de Itaipu, e os SAE do Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL) e do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP). O atendimento para crianças expostas ao HIV e para crianças e adolescentes vivendo com HIV/Aids é realizado no ambulatório do Hospital Municipal Carlos Tortelly, na Policlínica Regional Carlos Antônio da Silva, na Policlínica Regional de Itaipu e no ambulatório do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP).
Gestantes HIV positivo têm o pré-natal realizado pelas unidades da atenção básica e o atendimento para o HIV em qualquer um dos SAE. Caso haja risco obstétrico por outras situações ou agravos, elas podem ser encaminhadas para o pré-natal de alto risco, permanecendo acompanhadas pelos SAE para o cuidado relacionado à infecção pelo HIV.
O autoteste para o HIV também é ofertado nas unidades de saúde, tanto da rede básica quanto nos serviços especializados. O autoteste é mais uma opção para ampliar e facilitar o diagnóstico do HIV. O exame, que pode ser feito em casa, permite o acesso ao diagnóstico precoce, principalmente para pessoas que precisam ser testadas com maior frequência devido a vulnerabilidades e exposição contínua ao risco de infecção. Em caso de resultado positivo, a pessoa deve buscar um serviço de saúde para confirmar o diagnóstico.
O atendimento para a Profilaxia Pré-Exposição Sexual de Risco ao HIV (PrEP) é realizado em todos os serviços especializados e está em implantação em toda a rede básica de saúde. Já o atendimento para a Profilaxia Pós-Exposição Sexual (PEP) é realizado em todos os serviços de urgência/emergência e nos serviços de atenção especializada em HIV/Aids. Em casos de violência contra mulheres, também são referência as maternidades do SUS: Maternidade Municipal Alzira Reis, Hospital Estadual Azevedo Lima e Hospital Universitário Antônio Pedro. A PEP para crianças e adolescentes é realizada no Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho (até 15 anos incompletos) e no Hospital Universitário Antônio Pedro.
A Prevenção Combinada associa diferentes estratégias de prevenção ao HIV, com foco na saúde integral das pessoas. Entre as estratégias, destacam-se o uso de preservativos e gel lubrificante, imunização para hepatite B e HPV, testagem regular para HIV e ISTs, tratamento do HIV como prevenção, conhecimento e acesso à anticoncepção e concepção planejada, prevenção da transmissão vertical (quando a gestante vive com HIV), PrEP, PEP, a relação Carga Viral Indetectável = Risco Zero de transmissão sexual, além de ações de redução de danos para pessoas que usam álcool e outras drogas.
Uma das formas de prevenção é o uso da PrEP, método que consiste em tomar comprimidos antes da relação sexual, permitindo que o organismo esteja preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. Já a PEP é uma medida de urgência utilizada após situações de risco, como violência sexual, relação sexual desprotegida ou acidente de trabalho com material biológico. A camisinha continua sendo fundamental, sendo o método mais conhecido e acessível para prevenir a infecção por HIV, hepatites virais, sífilis e outras ISTs, além de evitar a gravidez não planejada.
O médico infectologista Halber Felipe Macorim, que atua no SAE do Hospital Municipal Carlos Tortelly, destacou que, apesar dos avanços no tratamento e na prevenção do HIV, o preconceito e os estigmas ainda são barreiras significativas, muitos deles herdados da percepção das décadas de 80 e 90, quando o diagnóstico era associado a uma prévia e precoce sentença de morte. Ele reforçou que, hoje, com a evolução da saúde, existe tratamento eficaz e seguro, mas que a conscientização continua sendo essencial.
“Uma das principais questões é pensar na testagem não apenas para grupos de risco, mas compreender que qualquer pessoa que possui vida sexual ativa pode estar exposta ao vírus, independentemente de sua orientação sexual, gênero ou classe social. O HIV não tem cara nem cor; por isso, é fundamental que as pessoas adiram à testagem, pois com o exame conseguimos um diagnóstico precoce e, sucessivamente, um tratamento adequado e eficaz, que garante qualidade de vida”, ressaltou o médico.
O enfermeiro Eliseu Leal, do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), reforçou a importância dos testes rápidos.
“Os testes rápidos são fundamentais para o diagnóstico precoce de HIV, sífilis e hepatites B e C. Aqui no município, toda a Atenção Básica realiza esses exames. Isso é muito importante, porque quanto mais rápido descobrimos, mais cedo iniciamos o tratamento e, com ele, conseguimos interromper a transmissibilidade do vírus. As Policlínicas, Unidades Básicas e Módulos do programa Médico de Família oferecem esse serviço. Procure a unidade mais próxima e realize o teste”, concluiu.
A coordenadora Municipal de IST/Aids e Hepatites Virais, da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covig), Márcia Santana, conta que, além dos cuidados clínicos, o município oferece ações de prevenção, tratamento e promoção da saúde.
“O município oferta preservativos masculinos (externos) e femininos (internos), gel lubrificante, medicamentos e material informativo. Também são realizadas campanhas para promover a solidariedade, o não preconceito, a não discriminação, a proteção e a garantia de direitos humanos e a qualidade de vida em geral para as pessoas portadoras de HIV/Aids”, conta Márcia.
Foto: Bruno Alves




