Projeto de reflorestamento em Niterói reintroduz espécies nativas em áreas de restinga e Mata Atlântica
Duas importantes áreas de preservação de Niterói ganharam, ações de plantio e de limpeza dentro do projeto de reflorestamento que está sendo desenvolvido em áreas de Mata Atlântica da cidade. Enquanto equipes trabalhavam realizando plantio de espécies como Juçara e Ipês no Parque de Cidade, a restinga de Itacoatiara recebeu tratamento especial, com limpeza de plantas invasoras e preparação do terreno para receber mudas próprias para a região, como a pitanga.As duas iniciativas fazem parte do maior projeto de restauração ecológica e inclusão social já realizado na cidade. Desenvolvido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Recursos Hídricos, ele teve início em 2019 e tem duração de quatro anos, com investimento de R$ 2,9 milhões, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O objetivo do programa é recuperar um total de 203,1 hectares de diferentes fitofisionomias da Mata Atlântica.
No bairro de Itacoatiara, na Região Oceânica de Niterói, doze voluntários trabalham na limpeza da restinga, com a retirada de lixo e das plantas invasoras. João Carlos de Azevedo Filho, que coordena a parte técnica, explica que o trabalho é feito com todo o cuidado.
“Itacoatiara tem uma característica diferente, é quase um santuário ecológico. Já conseguimos limpar uma parte, iniciando o plantio e colocando estacas para que não haja invasão do espaço plantado e, nas próximas semanas, vamos dar prosseguimento ao trabalho de limpeza e continuar o plantio, avançando com a logística adequada para não afetar as espécies nativas consolidadas. Também permitirá resultados mais rápidos que se traduzirão em implantação, expansão e recomposição da restinga, garantindo o perfeito equilíbrio dos ecossistemas”, explicou o técnico .
Estudante de Engenharia Ambiental da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carolina Cordovil mora em Santa Rosa e dedica algumas horas do seu tempo trabalhando como voluntária em Itacoatiara.
“Além de colocar em prática o que aprendo na faculdade, tenho a oportunidade de ajudar a preservar o que é nosso. Se eu puder deixar um recado é que os frequentadores cuidem da área não jogando lixo nem invadindo a restinga, pois é um bem de todos”, diz a estudante.
O Parque da Cidade, sede do Parque Natural Municipal de Niterói (Parnit), recebeu nesta semana mais de 70 mudas de Juçará, Ipê, Jequitibás e outras espécies de vegetação de Mata Atlântica, que desempenham um papel importante na revegetação. No local, segundo os participantes do projeto, o cuidado é redobrado. A revegetação muitas vezes ocorre em local onde a mata já é fechada.
“Temos que ter muito cuidado com os locais em que faremos os plantios. Muitos podem achar que, por se tratar de locais de mata fechada, não há necessidade de precisa de revegetação, mas isso é um engano. Nós procuramos por locais em que é necessário e importante colocar uma muda de Mata Atlântica e tomamos todo o cuidado para não retirarmos uma espécie rara. Cada uma das plantas tem o seu papel no ecossistema. Nada pode ser retirado sem conhecimento”, orienta Mari Oliveira, uma das responsáveis pelo projeto no Parque da cidade.
Desde agosto do ano passado, voluntários já lançaram aproximadamente 340 mil sementes de palmeira juçara e plantaram 350 mudas da espécie, numa área total de cerca de 40 hectares. O reflorestamento acontece no entorno e vales centrais do Parque.
Graciele Araújo Martins é massoterapeuta e uma espécie de guardiã do Parque da Cidade. Ela é uma das 300 voluntárias que disponibilizam seu tempo para ajudar a cuidar e preservar a Mata Atlântica em uma das principais áreas de preservação de Niterói. Ela ajuda na limpeza, cuidado com os viveiros e ainda fica de olho para ajudar a evitar degradação da área.
“É recompensador. Faço como cidadã e por mim porque é reconfortante fazer esse trabalho e ter a certeza de que estou fazendo a minha parte”, diz Graciele.
Camboinhas – No bairro de Camboinhas já foram plantadas cerca de 2,5 mil mudas. Também foi implantado o conceito de Economia Circular, onde há o reaproveitamento de resíduos, o que também torna o projeto uma iniciativa sustentável. As plantas invasoras passam por um processo de trituração e, após compostagem, são transformadas em adubo para o plantio de espécies originais da restinga. No ano passado, 150 metros cúbicos de espécies exóticas foram reaproveitados.
“Temos um trabalho estratégico na cidade. O que estamos fazendo é a maior restauração ecológica já realizada pelo município e vamos levar isso para as gerações futuras. É um trabalho feito em todas as regiões por técnicos, com a ajuda de voluntários. Vamos avançar nas nossas metas protegendo cada vez mais as áreas verdes de nossa cidade”, disse o secretário de Meio Ambiente, Rafael Robe
Lagoa de Itaipu, manguezais e ilhas – Além de Itacoatiara, o Projeto de Restauração Ecológica e Inclusão Social também vai atuar nas ilhas Pai, Mãe e Menina, localizadas a cerca de dois quilômetros da praia de Itaipu e que integram o Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset). O reflorestamento com espécies nativas também irá contemplar áreas no entorno da Lagoa de Itaipu e manguezais.